Thales Verçosa |
Depois de 18 dias na presidência do Atlético Rio Negro, o ex-atleta e professor acadêmico Thales Verçosa descreve o clube do coração como um cenário que faria muitas pessoas nem pensarem na candidatura para o cargo.
Segundo ele, o Galo da Praça da Saudade acumula quase R$ 4 milhões em dívidas, possui uma sede social carente de reformas urgentes e enfrenta uma inadimplência de 95% entre os sócios, além de ter sido rebaixado para a Série B do Amazonense pela terceira vez em cinco anos.
Em meio aos cálculos, Thales faz planos que, segundo ele, são vistos pelos amigos como sonhos. Ainda assim, ele já fala no segundo mandato, como parte de uma tradição do clube.
Quais são os primeiros desafios do Rio Negro? O que é preciso superar?
A primeira situação desafiadora é a questão da dívida. Uma dívida de quase R$ 4 milhões que veio sendo acumulada há mais de 20 anos. E chegou a um ponto que se nós não tomarmos providência, corremos o risco de até perder nossa sede, porque nós temos na Justiça Trabalhista quatro processos que estão penhorando a sede. Mas eles (os débitos) estão sendo negociados, tem um pessoal novo que entrou comigo, porque os outros advogados deixaram acontecer isso. Só na Justiça do Trabalho são R$ 390 mil, da Caixa Econômica, R$ 420 mil. A (dívida) da Receita Federal e do INSS é a maior, dá mais de R$ 2 milhões.
Como está a arrecadação do Rio Negro?
Hoje, o Rio Negro tem receita dos associados, que é muito pouca, e das escolhinhas. Nós temos, ao todo, 4.992 títulos de associados-proprietários, fora os contribuintes. Eles pagam uma anuidade de R$ 600 em 12 cotas de R$ 50. Só que desses 4.992, nós temos aproximadamente 1.200 que já faleceram e mais 800 títulos que são do clube, porque foram doados pelos antigos proprietários. Então nós trabalhamos só com 2.900 títulos. Desses, nós temos 140 associados que estão em dia. Ou seja, é um valor irrisório. Iniciamos uma campanha que está trazendo muitos associados de volta. (...) Nossa previsão de arrecadação é entorno de R$ 150 mil até julho.
Por que o senhor decidiu ser presidente do Rio Negro?
Isso tudo começou em 1932, quando o coronel Pedro Henrique Cordeiro Junior assumiu a presidência do clube. Esse coronel era meu bisavô. Aí depois veio o jornalista Aristóphano Antony. Esse presidente era meu tio-avô. Depois veio um cara chamado Mário Silvo Cordeiro de Verçosa, que era meu pai. Foi para o sangue e eu comecei a entender que eu tinha que dar minha colaboração.
O senhor estuda uma parceria com a Prefeitura para a concessão de um terreno para o CT do Rio Negro. Como está isso?
A Prefeitura tem diversos terrenos na Cidade Nova, onde cada núcleo tem um campo, às vezes, até três. Nós já fizemos o levantamento de cinco locais e a ideia é fazer, num desses campos, o nosso Centro de Treinamento (CT) e o nosso estádio de futebol, que vai se chamar Schinda Uchôa, fundador do Rio Negro. Mas nós vamos dar contra-partida. Lá, vai ter uma escolhinha de futebol para mais de 500 alunos e com cursos.
E qual a ideia para o terreno no Tarumã? Porque já foi falado várias vezes que o CT do Rio Negro seria lá.
Lá será nossa sede campestre. Porque o meu projeto é meio maluco, não sei se vai dar certo, mas quem é novo vai viver para ver. Naquele local, nós tínhamos dez terrenos. Já perdemos um na Justiça, que foi vendido em leilão para pagar uma dívida, mas ainda temos nove e vamos fazer uma sede para atrair o sócio-torcedor, que foi incluído agora no estatuto.
Falando do futebol, qual vai ser o planejamento?
Nós vamos ter uma equipe para o ano todo. Se me perguntares, hoje, como vai ser, eu vou dizer que não sei, porque ainda está na fase do planejamento. Mas já digo que a base vai ser nossa, não vamos trazer jogador de fora. Me perguntam por que o Rio Negro teve esse resultado. O Rio Negro foi rebaixado porque foi incompetente. Primeiro, por colocar um cara (o ex-diretor de futebol Robson Roberto), que não é nem sócio.
Mas isso foi na gestão do Eymar Gondim, que é seu segundo vice.
Isso todo mundo me fala. O Eymar está aqui, primeiro, porque ele segurou esse clube. Muita gente não sabe, mas queriam vender esse clube para fazer um estacionamento, e o Eymar não deixou. Ele teve muitos erros, mas também teve acertos. A segunda parte é política, que eu não vou revelar, porque é o pulo do gato (risos).
A entrevista foi concedida ao jornalista Felipe Carvalho e publicada em 05 de maio de 2013.
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