Marcelo Amil publica nota sobre a saída de Waldir.


Manaus, 11 de janeiro de 2013

O Amazonas inteiro acompanha com atenção o momento que vive o Atlético Rio Negro Clube. Sei que sempre assim vai ser, não simplesmente por estarmos às vésperas do centenário, mas simplesmente pela grandeza de nosso clube. Escrevo esta nota pois eu não conseguiria dormir tranquilamente se não tornasse público tudo o que vi neste período em que convivi com meu grande amigo e exemplo, Waldir Landim. Waldir foi mais que convidado, foi convocado a assumir o departamento de futebol do Galo. Recebeu um telefonema do presidente Eymar, e quando chegou ao clube já encontrava uma portaria de nomeação pra que ele tomasse ciência. Rionegrino apaixonado e corajoso que é, aceitou o desafio. Como primeira iniciativa, procurou agregar, procurou parceiros que com o Rio Negro pudessem colaborar. Uns com efetivo dinheiro, e outros com serviços. Montado o time de bastidores, Waldir, com um excelente projeto, onde mostravam-se dados, custo benefícios, secundagem de exibição de marca, destino de verbas a serem aplicadas e diversos outros ítens que esperar-se-ia encontrar num projeto sério foi pra rua. Feito isso, Waldir realizou mais de 40 visitas, as quais algumas eu pude acompanhar, apresentando este projeto. Waldir enfrentou o medo de sua família, o receio de seus funcionários. O que vi foi Waldir desligar seus ouvidos e potencializar seu coração. Por eu conhecer as imensas dificuldades de se dirigir um time de futebol, e o porte de sua empresa, até de mim ele ouviu o seguinte: "Não fosse eu Rionegrino apaixonado como você, te diria que você não deveria se meter nisso, mas sendo eu apaixonado como sou, assim como você, vou junto pra batalha.". Waldir NÃO TINHA MOTIVO NENHUM PRA ASSUMIR O FUTEBOL DO RIO NEGRO. Seus negócios, apesar de modestos caminham bem e prosperam. Assumindo o futebol rionegrino, a única coisa que Waldir ganharia era uma "penca" de problemas. Mesmo assim Waldir assumiu feliz a missão. Tenho certeza fossem só os problemas do futebol e judiciais do Rio Negro, Waldir jamais teria renunciado. A coisa foi mais além. Infelizmente escrevo esta carta sem consultá-lo. Minha vontade era publicar aqui fatos que fariam a todos se perguntarem como ele ainda permaneceu tanto tempo. Mas infelizmente, como fui apenas espectador, e não parte nesses fatos, não me sinto à vontade pra publicá-los. Se num momento futuro, ele me autorizar a isso, publicarei. Waldir lutou. Lutou com o exército que montou, lutou contra inimigos externos, e lutou principalmente contra fogo amigo. E acreditem, não foi um fator externo que levou Waldir a renunciar, mas fatores internos. Waldir quis fazer, mas em determinado momento, eu vi que queriam que ele não fizesse. A despeito do que houve, a NeoSports, do Waldir, vai continuar sendo patrocinadora do Galo em 2013. Conheci o Waldir quando eu tinha 19 anos, gerente da sede. Desde então, em cada situação vivida, cresceu a admiração e o respeito que nutro por esta pessoa. Waldir deu exemplo de grandeza com essa renúncia. Poderia ele continuar diretor de futebol até o último dia de mandato do presidente Eymar, armar uma bomba relógio e jogar no peito da nova gestão. Mas Waldir seria incapaz disso. Deu à nova gestão, que na segunda feira estará aclamada, a liberdade pra trabalhar integral e livremente, caso o atual presidente assim deseje que aconteça, e manteve o compromisso de patrocínio que assumiu. Medo de o Rio Negro não entrar em campo eu não tenho nenhum. O Galo vai jogar o campeonato amazonense de 2013. Não sei se com o time que a torcida sonha, mas entrará em campo com certeza absoluta. Nem Waldir nem Eu, nem nenhum outro Rionegrino envolvido no processo seria capaz de torcer contra, muito pelo contrário. 
A partir daqui falo apenas por mim. Eu realmente queria que Waldir fosse o próximo presidente do Rio Negro, mas não será. O próximo presidente é Thales Verçosa e tomo isso como um fato consumado. Tenho receios em relação ao Sr. Thales principalmente por sua postura no campeonato 2012, onde o mesmo chegou a escrever uma carta à FAF retirando o Galo do campeonato, retirada essa que não ocorreu em razão do atual presidente se recusar, a partir daí Thales abandonou o clube. Durante quatro anos fui secretário geral do Rio Negro e vi na pele o quão difícil é fazer futebol no Amazonas, vi que pro sucesso de um time, é imprescindível que se separe o coração de torcedor da cabeça de administrador. Desde 2011 não ocupo mais cargo na direção do clube, e é pouquíssimo provável que eu o faça nesta gestão que se iniciará (irônicamente) em primeiro de abril. Porém não é apenas na direção que se contribui com um clube. Diretor eu estive, torcedor eu sou e sempre serei. Continuarei mantendo as ferramentas de internet sobre o Galo (site, facebook, twitter), darei sequência aos projetos que estavam traçados pra 2013. Vou continuar fazendo a minha parte na torcida organizada onde milito, a Mancha Negra. vou continuar fazendo tudo o que sempre fiz na torcida, da mesma forma e com a mesma emoção de sempre. Material novo já está em produção. Com este material novo a Mancha Negra já gastou cerca de R$ 4.000,00 e ainda está previsto o desembolse de cerca de mais R$ 7.000,00 no decorrer do campeonato amazonense 2013. Continuarei Rionegrino enquanto meu coração bater. Continuarei cantando nos estádios enquanto meu pulmão se encher, e jamais, sob qualquer situação trabalharei contra o Rio Negro. Gestões e gestores passam, o Rio Negro é eterno.

Marcelo Amil

Marcelo Amil é apresentador, ex secretário geral do conselho diretor do Rio Negro e presidente em exercício da TO Mancha Negra.